Assim que nos mudamos para nossa casa, nos apaixonamos pelo jasmin-manga do nosso quintal, bem em frente a uma janela da sala. Na verdade, nos apaixonamos foi por uma árvore frondosa, de mais ou menos cinco metros de altura, com um caule sólido, esbelto, decidido, galhos graciosos, folhas muito verdes e inúmeras flores cor de rosa, e um aplicativo nos informou posteriormente que o nome daquela árvore é jasmin-manga. Quando estou deitada na espreguiçadeira do quintal, ou lendo no sofá da sala, em algum momento paro e fico admirando o jasmin-manga. Minha filha e meu marido também o adoram. As visitas sempre o elogiam. Parece uma árvore dessas que poderiam ser usadas como exemplo caso um extraterrestre quisesse saber como é uma bela árvore neste planeta. Tudo no jasmin-manga convida à contemplação. O jasmin-manga do nosso quintal é um antídoto para a hiperconexão e a hiperaceleração dos tempos atuais. Ele é mais do que uma árvore, é uma pausa, um amparo, uma esperança.
Porém, há mais ou menos um mês, eu sentada no sofá, olho para o jasmin-manga e vejo numa de suas folhas uma lagarta dessas bem lagartas, molengas, peludas, listradas. Quando eu era criança, tinha pavor dessas lagartas. Ainda me lembro de quando estava dormindo na casa de uma prima, acordei de madrugada e vi uma lagarta assim a poucos centímetros do meu rosto. No dia em que pisei numa lagarta e ela virou uma pasta na calçada, minha repulsa piorou. Ainda mais repugnante que uma lagarta viva, só mesmo uma lagarta morta.
Continue a ler com uma experiência gratuita de 7 dias
Subscreva a INQUIETUDES por Liliane Prata para continuar a ler este post e obtenha 7 dias de acesso gratuito ao arquivo completo de posts.