Como esquecer seu ex
Direto do túnel do tempo, texto meu da época de colunista da Capricho
Uma vez, uma amiga apareceu na minha casa chorando porque tinha levado um pé na bunda. Eu, que estava na mesma situação, sabia que, se tivesse uma lista das coisas que mais doem na vida, pé na bunda seria uma (assim como depilar com cera). Dói muito: a gente chora, se revolta... e depois esquece. Fácil, né? Fácil nada. Esquecer alguém é difícil, e em alguns casos é a única coisa a fazer. Pois bem: ela tinha ido só para desabafar e não esperava que eu viesse com um manual do tipo “como esquecer pessoas em dez lições”, mas desabafo vai, desabafo vem e não é que... criamos um manual de como esquecer pessoas? E em menos de dez lições (na terceira começou a passar Friends e a gente foi ver).
Estratégia 1: pense em uma imagem qualquer que não tenha a ver com quem você quer esquecer. Aí, quando a pessoa vier à sua mente, concentre-se na imagem. “Que saudade do Eduar...” vira um arco-íris sambando. “Ele podia estar aq...” se transforma em um capítulo da novela. Ter uma imagem à mão para substituir a ideia fixa é bem mais eficiente do que o clássico método do “não posso pensar nele” (que só serve para você pensar nele).
Um hábito comum durante a dor-de-cotovelo é perder tempo com situações hipotéticas. Tipo: o namoro acabou, e você sonha acordada com ele trazendo flores, falando “te amo”, indo com você para uma festa, depois para Paris etc. Só que, ao imaginar coisas que não aconteceram, você idealiza a pessoa e empaca o esquecimento. Então, se você realmente quer esquecer alguém, não faça isso. Quando pensar em situações hipotéticas, pare e pense em situações que aconteceram mesmo entre vocês dois (de preferência ruins). Essa é a segunda estratégia.
A estratégia 3 também é fundamental: tratar a pessoa que você quer esquecer como “ex”. Não importa se é seu ex mesmo ou se vocês nem chegaram a ficar: ele não tem mais nome, é ex e pronto. Se eu fosse psicóloga, diria que essa técnica funciona porque ajuda o seu cérebro a assimilar a ideia de que a pessoa é passado. Mas como não sou, vou dizer só isto: refira-se ao fulano como “meu ex” e você verá como funciona!
É péssimo sofrer com alguém que não sai da nossa cabeça. Aquele namorado que ficou com sua amiga. Aquele ficante que não ligou mais. Aquele rolo que odiava biscoito (se você acha que odiar biscoito é motivo para alguém ser esquecido, quem sou eu pra discordar?). Quando você já tentou fazer o que está ao seu alcance e não deu certo, esqueça a pessoa e siga em frente. Tente o meu método: não é cientificamente comprovado, mas também não é cientificamente comprovado que chocolate dá espinha e dá, certo? (Se não dá em você, desculpe).
Liliane Prata ainda não esqueceu o ex
* Este texto foi publicado na Capricho na encarnação passada, na época em que eu era colunista da revista. Caramba, faz mais ou menos vinte anos que escrevi isso! Alguma leitora daquela época por aqui?
era muito sua leitora naquela época e continuo sendo leitora e ouvinte. que alegria fazer parte desse grupo! e que coluna divertida.
Super leitora da época, nunca esqueci da sua coluna, era demais