"Meu maior medo? Perder o interesse pela vida. Acho que esse é o maior perigo. E isso pode acontecer com alguém em qualquer idade, aos trinta, aos setenta. Você pode viver setenta anos da sua vida, perder o interesse em estar vivo e então seus próximos anos serão um inferno. Viver é muito complicado, você tem que se manter interessado".
A fala é da Fernanda Torres numa entrevista para a Bruna Lombardi e pipocou esta semana no meu Instagram. Gostei tanto que ela virou o tema do episódio mais recente do A gente vai se falando, podcast que tenho com meu marido (dá para ouvir aqui). Como quase sempre acontece, depois de gravar fiquei com o tema na cabeça e acabei pensando numa coisa que achei interessante, mas que não me ocorreu na hora. Então resolvi compartilhar este pensamento aqui com vocês.
Como fazer para não perder o interesse pela vida? Ou talvez: para recuperar depois de ter perdido. Porque eu não sei você, mas já perdi o interesse pela vida algumas vezes. Há muitos anos, quando eu era colunista da revista Capricho, escrevi que o problema não é deixar a peteca cair, mas parar de pegá-la de volta. Ao longo da vida, a gente desiste e retoma, recua e recupera o caminho para frente, se desencanta e se encanta de novo. Murcha e floresce. Quantas vezes forem necessárias. O problema é soltar o fio que nos liga às coisas do mundo e não reencontrá-lo. Levar tempo demais para fazer isso já é muito sofrido. Imagina não reencontrar? Morrer em vida?
Pois morre-se em vida, sabemos disso. Não basta ter uma coração batendo para nos sentir vivos. É possível viver muitos e muitos anos burocraticamente. Eu me assusto quando vejo como é fácil se esquecer de si.
Tudo isso falei lá no episódio, além de outras coisas. Se este tema mexe com você, acho que vai gostar de ouvir. Mas o que eu pensei depois da gravação foi isto aqui: para não perder o interesse pela vida, é preciso estar sempre recomeçando.
Sempre. Até o fim.
Um curso novo, pisar em lugares pela primeira vez, novas leituras, novas amizades. Novos relacionamentos ou novos renascimentos em relacionamentos de sempre. Novas habilidades, novas descobertas. Novas rotinas, ou delicadas e bem-vindas mudanças na rotina de tempos em tempos. Novos caminhos. Novas receitas, novos sabores. Novos passos de dança. Novos jeitos de olhar. Novas reflexões. Novos jeitos de fazer as coisas. Novas investigações de si. Novas redescobertas.
Preguiça e comodismo são comuns em relacionamentos desgastados. Na paixão, a gente se dá ao trabalho, se envolve, bota a nossa energia.
Para continuar interessado pela vida, é preciso paixão. E a paixão, todo mundo sabe, é acesa pelo desconhecido.
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Ao longo da vida, a gente desiste e retoma, recua e recupera o caminho para frente, se desencanta e se encanta de novo. Murcha e floresce. Quantas vezes forem necessárias. O problema é soltar o fio que nos liga às coisas do mundo e não reencontrá-lo. Levar tempo demais para fazer isso já é muito sofrido. Imagina não reencontrar? Morrer em vida?Excelente é isto mais o que escreveu na continuação de seu texto .. estou com 86 anos = NUNCA DESISTI .. trabalhei até os 80 anos (quando clientela me levou para a parada da vida profissional ) os últimos 25 anos no modo on Line e presencial , atuei em TI / Sistema / O&M/ Finanças/ Adm/Recrutamento de Executivo ..Eventos e sempre acompanhando - participando de treinamentos - cursos ..e nos últimos 6 anos em Espiritualidade e retiros neste modulo .. sou o chef cozinha .. enfim a vida é um processo constante de evolução / caminhos / trajetos / novos conhecimentos é o que o Transcendentes nos coloca e vamos descobrindo tarefas - coisas - ações - vidas - partilhando e recebendo sempre na busca da melhoria do Eu = SER e não do TER .. o Aqui Agora ... com o coração aberto a mente idem e o fazer até o último momento (que não sabemos quando, aonde e como ...Abraços luz-amor e paz
Muito bonito este recorte. Perdi o interesse quando fracassei de uma forma grandiosa e dolorida. Hoje, reocmecei escrevendo sobre isso e é o que me reacendeu uma brasinha de interesse pela vida. :)