Há alguns anos, trabalhei por um breve período com uma mina muito legal que, um dia, chegou toda entusiasmada com a viagem que ia fazer com o namorado novo. Papo vem, papo vai, ela me conta como eles combinam, como ela está feliz e coisa e tal. Até que ela solta essa:
– E pensar que no começo eu achava ele ridículo, porque ele acredita que a Terra é plana.
– Como assim? – perguntei, incrédula. – Ele realmente acha que a Terra é plana?
– Acha, menina, acredita? Eu achava péssimo isso... Mas fui vendo como ele é legal, fui me apaixonando, a gente se dá muito bem, isso nunca atrapalhou em nada.
Continuamos tomando nosso cafezinho (estávamos tomando um cafezinho) e ela me conta mais sobre a viagem, iriam para a praia não sei qual, na linda cidade que não lembro qual, era linda a cidade, linda, mas tive dificuldade de me concentrar.
– Já fui lá, lá tem isso, tem aquilo... – ela contando.
– Quando vocês olham o céu, à noite, você lembra que o seu namorado acha que a Terra é plana?
Fiz mais perguntas sobre os assunto, quis saber se ela já tinha tentado argumentar em defesa do real formato da Terra, e ela ria, dizia que já estava acostumada com o pensamento do boy, que a família dela a zoava por conta disso, que ela mesma achava engraçado.
– O que importa é que a gente se dá bem e que a gente se ama – ela disse.
Então era isso que importava? A minha conhecida era uma sem noção ou, pelo contrário, estava me dando uma aula de tolerância? Eu estava sendo razoável ou simplesmente intolerante?
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