A primeira meia hora de conversa com a minha mãe é preenchida com casos que eu já conheço, casos que ela já me contou dezenas de vezes, centenas? Aquela vez quando meu irmão era adolescente e furou a orelha sem avisar, aquela vez quando eu era criança, subi as escadas do teatro e fui para o palco do nada, você lembra, filha? Ouço os casos com um tédio bom, o alento das histórias que me são tão familiares como se fossem uma segunda casa, A Casa das Memórias Recontadas. Depois, no entanto, me assusto. Reparo como eu mesma venho contando minha vida para mim, em voz alta ou não, e me pergunto como pode isso, como vamos cristalizando o nosso passado em uns poucos episódios revisitados.
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