oi liliane! estou lendo a coragem de ser imperfeito, da brené brown, e ela fala sobre a importância da gente falar sobre as nossas vergonhas, medos e traumas, porque, quanto mais a gente falar, mais fácil de lidar será. o que é estranho pra mim, porque ouço minha mãe falar das mesmas questões há anos e até hoje não se resolveu. não sei se a brené vai falar mais sobre ao longo do livro porque ainda estou no começo, mas levanto a mesma questão que o seu texto e penso que talvez há um jeito certo de falar sobre? qual seria?.
talvez no fim a vida é sobre equilibrios, né, colocar pra fora os problemas e seguir em frente focando nos objetivos como o arnold.
Lili, que texto maravilhoso. Caiu como uma luva. Venho refletindo muito, ouvindo, falando, conversando sobre a crônica do fim da crônica, você deve ter lido por aí. Pois então, eu venho pensando que inclusive as crônicas em geral (que caem na minha bolha, que fique claro) estão abarrotadas de problematizações e dando voltas em si mesmas, mas sem grandes perspectivas, sem bom-humor, sem uma amplitude aprazível sobre o tema, sabe? O que deixa o leitor cansado. Dito isso, leio esse seu texto que só faz reforçar essa ideia. Também produzo uma newsletter que, por vezes, gira em torno de parte da minha vida, mas já sou tão abarrotada de problemas e responsabilidades e exaustão, que na escrita tenho tentado me aproximar da leveza. E digo leveza mesmo em temas complexos, como o brilhante livro da Vivian Gornick, por exemplo.
Vou ver o doc, deve ser bem interessante.
"Falar, falar e continuar falando sobre as próprias dores, fragilidades e dificuldades é mesmo o melhor jeito de curá-las? Ou às vezes o excesso de palavras faz com que aquela dor não passe nunca?" - é isso!!!
Oi Lili, amei essa reflexão, e sinceramente, esse foi o motivo que me fez interromper a terapia (ao menos por hora!). Eu não aguentava mais falar, e sentir que a história não mudava. Fiz terapia muitos anos, portanto claro que acho que essa reflexão da nossa vida é válida. Assim como autoconhecimento. Mas até que ponto? Sabe quando você se sente remoendo as coisas, e isso acabar te dificultando de seguir em frente? Assim. Eu acho que precisa existir o momento da aceitação, e de então ser mesmo um pouco pragmática e seguir em frente. Vida que segue ;)
Eu venho pensando bastante nesse assunto, embora não tenha visto o documentário que você mencionou.
Tive uma vida muito difícil, em especial dos dez aos vinte anos. Meu irmão mais velho é dependente químico e durante esses dez anos, que perpassa a adolescência, vi ele chegar ao fundo do poço várias vezes. Seu corpo magro, sua imagem franzida, sua fraqueza, se misturam com a raiva, o medo e a esperança que eu sentia. Tinha vergonha da nossa história, da minha família. Na época, não compartilhava com ninguém pelo o que estava passando e hoje, ainda, é difícil falar sobre isso, embora as imagens estejam mais vivas do que nunca. Hoje, falar, escrever, parece não bastar. Faço terapia, tomo remédios e apesar da vida adulta ser difícil é o passado que me leva a lugares dos quais muitas vezes não consigo voltar. E então, me pergunto: até quando isso vai me afetar? Até quando essas imagens terão essa força estrondosa? Até quando vou precisar falar, escrever, sobre isso? Eu não sei, mas sei que se não o fizer, existe uma grande chance de eu me afundar e nunca mais conseguir voltar. No momento, minha grande questão na vida, é como conseguir caminhar, respeitando minha história, sem diminuir o que aconteceu, sem super valorizá-la. Eu não sei também.
Lili, você foi no ponto! Penso que achar essa medida é importantíssimo. Falar e falar e falar de suas dores e limitações extrapola o saudável, acredito que faz a pessoa se prender num rótulo, quase um estigma de si mesmo. É preciso saber dar vazão assim como conter. Adorei a reflexão!
oi liliane! estou lendo a coragem de ser imperfeito, da brené brown, e ela fala sobre a importância da gente falar sobre as nossas vergonhas, medos e traumas, porque, quanto mais a gente falar, mais fácil de lidar será. o que é estranho pra mim, porque ouço minha mãe falar das mesmas questões há anos e até hoje não se resolveu. não sei se a brené vai falar mais sobre ao longo do livro porque ainda estou no começo, mas levanto a mesma questão que o seu texto e penso que talvez há um jeito certo de falar sobre? qual seria?.
talvez no fim a vida é sobre equilibrios, né, colocar pra fora os problemas e seguir em frente focando nos objetivos como o arnold.
Lili, que texto maravilhoso. Caiu como uma luva. Venho refletindo muito, ouvindo, falando, conversando sobre a crônica do fim da crônica, você deve ter lido por aí. Pois então, eu venho pensando que inclusive as crônicas em geral (que caem na minha bolha, que fique claro) estão abarrotadas de problematizações e dando voltas em si mesmas, mas sem grandes perspectivas, sem bom-humor, sem uma amplitude aprazível sobre o tema, sabe? O que deixa o leitor cansado. Dito isso, leio esse seu texto que só faz reforçar essa ideia. Também produzo uma newsletter que, por vezes, gira em torno de parte da minha vida, mas já sou tão abarrotada de problemas e responsabilidades e exaustão, que na escrita tenho tentado me aproximar da leveza. E digo leveza mesmo em temas complexos, como o brilhante livro da Vivian Gornick, por exemplo.
Vou ver o doc, deve ser bem interessante.
"Falar, falar e continuar falando sobre as próprias dores, fragilidades e dificuldades é mesmo o melhor jeito de curá-las? Ou às vezes o excesso de palavras faz com que aquela dor não passe nunca?" - é isso!!!
Oi Lili, amei essa reflexão, e sinceramente, esse foi o motivo que me fez interromper a terapia (ao menos por hora!). Eu não aguentava mais falar, e sentir que a história não mudava. Fiz terapia muitos anos, portanto claro que acho que essa reflexão da nossa vida é válida. Assim como autoconhecimento. Mas até que ponto? Sabe quando você se sente remoendo as coisas, e isso acabar te dificultando de seguir em frente? Assim. Eu acho que precisa existir o momento da aceitação, e de então ser mesmo um pouco pragmática e seguir em frente. Vida que segue ;)
Oi Liliane, obrigada pela sua reflexão.
Eu venho pensando bastante nesse assunto, embora não tenha visto o documentário que você mencionou.
Tive uma vida muito difícil, em especial dos dez aos vinte anos. Meu irmão mais velho é dependente químico e durante esses dez anos, que perpassa a adolescência, vi ele chegar ao fundo do poço várias vezes. Seu corpo magro, sua imagem franzida, sua fraqueza, se misturam com a raiva, o medo e a esperança que eu sentia. Tinha vergonha da nossa história, da minha família. Na época, não compartilhava com ninguém pelo o que estava passando e hoje, ainda, é difícil falar sobre isso, embora as imagens estejam mais vivas do que nunca. Hoje, falar, escrever, parece não bastar. Faço terapia, tomo remédios e apesar da vida adulta ser difícil é o passado que me leva a lugares dos quais muitas vezes não consigo voltar. E então, me pergunto: até quando isso vai me afetar? Até quando essas imagens terão essa força estrondosa? Até quando vou precisar falar, escrever, sobre isso? Eu não sei, mas sei que se não o fizer, existe uma grande chance de eu me afundar e nunca mais conseguir voltar. No momento, minha grande questão na vida, é como conseguir caminhar, respeitando minha história, sem diminuir o que aconteceu, sem super valorizá-la. Eu não sei também.
Lili, você foi no ponto! Penso que achar essa medida é importantíssimo. Falar e falar e falar de suas dores e limitações extrapola o saudável, acredito que faz a pessoa se prender num rótulo, quase um estigma de si mesmo. É preciso saber dar vazão assim como conter. Adorei a reflexão!
Que texto lindo Lili!!